Nas grandes metrópoles como Rio de Janeiro, São Paulo e Salvador, as grandes operadoras de sinal de Internet, como Claro, Tim, Vivo e Oi, são as mais presentes nas residências. Mas e em localidades onde estas gigantes nem sempre chegam, como é o cenário?
De acordo com um relatório de acompanhamento de serviço de banda larga fixa divulgado pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) em 2019, a realidade em cidades pequenas, por exemplo, deixou de ser de escassez para se tornar um leque de opções. Muito graças ao avanço das tecnologias, claro, mas também aos provedores de pequeno porte (ISPs).
Segundo o relatório da Anatel, os provedores regionais representam 65,8% dos acessos à Internet em municípios com menos de 20 mil habitantes. Já onde se registra população abaixo de 5 mil, o alcance chega a 74,9%. Um crescimento que é benéfico para quem reside nestes lugares, já que é baixo o interesse comercial das grandes empresas pelo compartilhamento de postes – por onde passam os cabos de fibra óptica – em cidades pequenas.
De volta às grandes cidades, pequenos provedores veem um outro mercado que não para de crescer: as comunidades carentes. Nestas áreas, inclusive, o gatilho para que estas empresas de pequeno e médio porte prosperem é mais uma vez a atuação abaixo da demanda por parte das gigantes, que para se fazerem presentes, precisam encarar uma série de obstáculos.
Entre eles, a atuação do tráfico e das milícias, a ocupação desordenada dos postes e o difícil acesso, já que em becos e muitas vielas, o carro dos técnicos não passa.
Pela questão de uma melhor adaptação a tais adversidades, operadoras que nascem nas próprias comunidades se mostram a melhor opção para os moradores. Claro que, desde que contem com uma boa infraestrutura, inclusive com provedores do tipo Mikrotip, considerados referência no setor, e sejam regularizadas com a licença SCM (Serviço de Comunicação Multimídia) junto à Abrint (Associação Brasileira de Provedores de Internet e Telecomunicações).
Por exemplo, somente na Rocinha, conjunto de favelas localizado na Zona Sul do Rio de Janeiro, eram 25 provedores locais de Internet até 2018, segundo Samuel Silva, fundador de um deles, a Net Rocinha. Ou seja, em comunidades carentes, cidades do interior ou áreas rurais, os pequenos operadores têm uma grande importância. Principalmente quando se trata do número de pessoas sem acesso à Internet, que é alto no Brasil.
Uma pesquisa realizada em 2018 pelo Ibge (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostrou que um a cada quatro brasileiros não têm acesso à rede. Em números totais, esta média corresponde a 46 milhões de pessoas. E se forem comparadas áreas urbanas e rurais, há um desequilíbrio que chama atenção.
Enquanto nas metrópoles, o índice daqueles que não entram na Internet é de 20,6%, no campo esse número vai a 53,5%.
Justamente por esta demanda – que aumentou ainda mais com a pandemia, já que as pessoas têm ficado mais em casa, inclusive trabalhando – é cada vez mais latente o surgimento de pequenos provedores, que entre março e setembro do ano passado, foi de 43%. E quem tem a ganhar com estas múltiplas possibilidades é o consumidor.
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